sexta-feira, 22 de maio de 2009

Soneto XXVIII, de Shakespeare

Busco, à noite, o meu leito, exausto da labuta,

pois é justo um repouso aos membros fatigados.

Nova jornada, entanto! É meu cérebro em luta

com o pensamento vivo, e os sonhos acordados.



Romaria ou vigília?... Eu sei que não me escuta

tão longe de onde estou, por mal dos meus pecados,

aquela por quem vivo. E o coração disputa

às estrelas do céu seus olhos encantados.



Bem abertas mantendo as pálpebras dormentes,

cego, na escuridão, sinto mais que os videntes

que falta em sua face a luz do mar que é puro.



Assim, de dia ao corpo, e de noite, à minha alma,

por que hão de me roubar ao espírito a calma

que esse amor não me deu porque foi tão perjuro?

(Tradução de Gomes Filho)

Um comentário:

Luiz Felippe Lampréia disse...

Meu amigo Edmundo,
só você mesmo para nos brindar com esse belo (e melancôlico) soneto de Shakespeare! Estou com saudades: vamor degustar um vinho no Gero?
Um grande abraço,
Luiz Felippe

PS-Já votei