sábado, 26 de maio de 2012

PRESENÇA , de Mario Quintana


É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.



(Enviado pelo meu amigo Ronaldo Derly Rodrigues, a quem agradeço o privilégio da amizade!)

2 comentários:

M.C.L.M disse...

Quintana, não canso de ler...

beijos amigo, amigo! :-)

Anônimo disse...

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