sábado, 27 de dezembro de 2008

E uma brisa leve, de Fernando Pessoa

É uma brisa leve
Que o ar um momento teve
E que passa sem ter
Quase por tudo ser.

Quem amo não existe.
Vivo indeciso e triste.
Quem quis ser já me esquece
Quem sou não me conhece.

E em meio disto o aroma
Que a brisa traz me assoma
Um momento à consciência
Como uma confidência.


(in "OBRA POÉTICA","INÉDITAS", Ed. Aguilar, 1960)

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