quinta-feira, 26 de março de 2009

Choro do poeta atual, de Murilo Mendes

Deram-me um corpo, só um!
Para suportar calado
Tantas almas desunidas
Que esbarram umas nas outras,
De tantas idades diversas;
Uma nasceu muito antes
De eu aparecer no mundo,
Outra nasceu com este corpo,
Outra está nascendo agora,
Há outras, nem sei direito,
São minhas filhas naturais,
Deliram dentro de mim,
Querem mudar de lugar,
Cada uma quer uma coisa,
Nunca mais tenho sossego.
Ó Deus, se existis, juntai
Minhas almas desencontradas.

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Um comentário:

M.C.L.M disse...

Belíssimo poema, ainda não conhecia...
Em tempo, vou pesquisar sobre Murilo Mendes.

Ps: Luiz, tu já viu a postagem de hoje novamente sobre Shakespeare? Repeti a dose por sua causa...

abraços, ótimo findi! :-)