domingo, 8 de agosto de 2010

Melancolia, de Fernando Pessoa

Ah quanta melancolia!
Quanta, quanta solidão!
Aquela alma, que vazia,
que sinto inútil e fria
dentro do meu coração!
Que angústia desesperada!
Que mágoa que sabe a fim!
Se a nau foi abandonada,
e o cego caiu na estrada -
Deixai-os, que é tudo assim.
Sem sossego, sem sossego,
nenhum momento de meu
onde for que a alma emprego
na estrada morreu o cego
a nau desapareceu.


(em 03 de setembro de 1924)

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