sábado, 2 de outubro de 2010

Convite para um chá, do sempre lembrado Paulinho Mendes Campos

Vamos tomar chá
amigo
e conversar
Falar dos desgostos
e das alegrias
Só não vale a essa altura da vida
mentir e nem dissimular
Vamos lembrar com saudades
dos tempos idos e
acenar para o amanhã
Vamos nos revelar
Deixar cair a máscara
Reencontrar a verdade facetada
Rir e passar uma borracha
naquilo que já não interessa
O que a vida nos fez?
Face da moeda
Espelho que reflete aquilo que
da vida fizemos
revelando o amor que espalhamos
as árvores que plantamos
os seres que alimentamos e
as dívidas que tivemos
a coragem de cobrar
Prazer, desgraça?
Linhas malditas e amaranhadas
Laços frouxos e muitos até puídos
o passado quer embrulhar o nosso presente
Eu digo Não
e inauguro um novo livro da vida
cheio de páginas em branco
esperando por garatujas e novos escritos
Amigo
Só tenho feito cantar
o canto foi a solução que bebi
pra curar as feridas abertas
Foi também o espaço que escolhi
para fincar as minhas raizes
taõ ressequidas e desejosas por profundidade
Não o canto escuro e sombrio
do medo e da fantasia infantil
assombrado pelo ostracismo
e pela a solidão perniciosa
O canto a que me refiro é o lírico
o da vida em expansão
Toco o intrumento da oportunidade
e suas cordas geram notas de encantamento
reverberam na alma e transbordam emoção
Rio às lágrimas!
Nesse mundo desnorteado
essa fonte marca o centro
do território da singularidade
suas águas são unguento e solução que
não se pode comprar
mas se adquire com árduo comprometimento
Somos humanos
ensinados que já nascemos pecadores
e incentivados a aceitar e
até mesmo a cultivar a dor e a melancolia
Celebremos então nossas falácias
mas que nosso foco seja a alegria
Celebremos nossos mais erros que acertos
e façamos poemas sem pontuação
Desejo que nos reencontremos
com a cara mexida pelo tempo
mais bonitos
eu acredito
Tomemos então amigo
o chá do contentamento

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