terça-feira, 3 de abril de 2012

AUSÊNCIA , de Carlos Drummond de Andrade


Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

("Fazendeiro do Ar", Ed. Aguilar, 1964 , pág. 256)."

.

Um comentário:

Rossana disse...

Essa ausência todos carregamos dentro de nós, o lindo é poetizá-la, ameniza,suaviza, torna suportável o quase insuportável.