domingo, 20 de maio de 2012

QUARTO EM DESORDEM , de Carlos Drummond de Andrade



Na curva perigosa dos cinqüenta


derrapei neste amor. Que dor! que pétala


sensível e secreta me atormenta


e me provoca à síntese da flor






que não sabe como é feita: amor


na quinta-essência da palavra, e mudo


de natural silêncio já não cabe


em tanto gesto de colher e amar






a nuvem que de ambígua se dilui


nesse objeto mais vago do que nuvem


e mais indefeso, corpo! Corpo, corpo, corpo






verdade tão final, sede tão vária


a esse cavalo solto pela cama


a passear o peito de quem ama.










(Tenho uma cópia manuscrita , com uma dedicatória : já prometi doar à Biblioteca Nacional !)

2 comentários:

Anônimo disse...

!!!

Anônimo disse...

Muito bonito o poema!!!