segunda-feira, 27 de agosto de 2012

LINHA DE UM POEMA , de Golda Meir



Minha nota: sempre fui um grande admirador dessa exepcional mulher, grande estadista, mas, antes de tudo, dotada de uma sensibilidade admirável! Veja por esse poema.


A sua presença

Faz-me respirar com dificuldade

Como uma gaita de fole

Mas sua ausência me asfixia completamente

Faz-me uma mulher trêmula

Que dura o tempo da voz

Despojada e não livre

Que hoje tira o que se tem vestida

Procede (quase) sem medo

Mostrando a totalidade do que existe

Tal qual é

Revelando o essencial

E com inicial maiúscula

Faço minha oração

Como se fora a linha de um poema

Em grego, latim ou português...

Sem compreender muito bem

E como um movimento literário experimental pronto

Apreendendo-te

De fato em equivalência

Qualquer

Melindrada

Por seu autoritarismo

Por seu falso regime de solidão

Tenho a significação do seu sentido

Sua iniciativa de falta

Estou apta para receber as impressões

Que me causa o teu olhar cravado em mim

A tua pessoa enraizada aqui

Ama em maior grau

De um amor incrédulo

Se jogar apenas com as cartas que tem a mão

Perderá

Porto-me em oposição a esta derrota mútua

Ponho-me a teu favor...

Não podemos ajuizar o futuro se não temos presente

Abster-se não é responder à vida

Omitir-se não é desfazer o nó

Segredar não é o mesmo que não deixar existir

Quietude não é calmaria

Silêncio não é possibilidade

E o amor não pode ser aliado da covardia


("Poemas", ABL, 1981)

.

Um comentário:

Iaceê disse...

Caro Alvarenga, este poema não de autoria de Golda Meir (primeira ministra de Israel) Este nome me foi dado em homenagem a ela. De qualquer forma agradeço os comentários tecidos sobre a composição.

Abçs.

Golda Meir