terça-feira, 26 de maio de 2009

O amor antigo, de Carlos Drummond de Andrade

O amor antigo vive de si mesmo
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino não nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.

(OBRA COMPLETA, ED. AGUILAR, "NOTÍCIAS AMOROSAS", PAG.346)

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3 comentários:

M.C.L.M disse...

Ler Drummond, é alegria sempre!




Ps: Obrigada pelos coments em meu blog. Adorei o poema de Vinícius, Ausência e Soneto da Fidelidade são de longe meus preferidos!

Espero que estejas bem por aí!


beijos querido amigo!

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Fernanda Pacheco disse...

Parabéns pelo blog e obrigada por apresentar-me 'este' Drummond. Roubei para colocar no meu blog, tá?

Abraços