quinta-feira, 28 de junho de 2012

DOIS MODOS , de Pablo Neruda






SAIBAS que não te amo e que te amo


feito de que dos dois modos é a vida,


a palavra é uma ala do silêncio,


o fogo tem uma metade de frio.



Eu te amo para começar a amar-te,


para recomeçar o infinito


e para não desejar amar-te nunca:


por isto não te amo todavia.



Te amo e não te amo como se tivera


em minhas mãos as chaves da fortuna


e um incerto destino infeliz.


Meu amor tem duas vidas para amar-te.


Por isso te amo quando não te amo


e por isso te amo quando te amo.



("Outros Poemas" , Ed. Civilização Brasileira, 1979 , pág. 11-Tradução de Ferreira Gullar)

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