Pretendo com este modesto blog compartilhar com os amigos as minhas algumas criações e estimular a leitura de grandes obras de arte, comentários sobre museus e viagens, restaurantes e uma série de coisas boas. Garanto que você vai gostar, mais ou menos, mas vai !
sexta-feira, 29 de junho de 2012
POEMA DE SETE CHAVES, de Carlos Drummond de Andrade
Não sei quanto a vocês, mas de vez em quando, sinto necessidade de ler determinada obra! Pode ser provocado por um ou mais acontecimentos ou a simples saudade da poesia ou prosa ou um determinado momento da vida.
E olha que no meu caso, o nome até rima , mas continua não sendo uma solução...
E publico com muito prazer...alias, publicar Drummond é sempre muito prazeroso !
Então releiam:
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é serio, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.
(“Alguma Poesia” , Imprensa Oficial de MG, 1930)
.
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