sábado, 14 de julho de 2012

AMOR E SEU TEMPO , de Carlos Drummond de Andrade



Amor é privilégio de maduros


estendidos na mais estreita cama,


que se torna a mais larga e mais relvosa,


roçando, em cada poro, o céu do corpo.






É isto, amor: o ganho não previsto,


o prêmio subterrâneo e coruscante,


leitura de relâmpago cifrado,


que, decifrado, nada mais existe






valendo a pena e o preço do terrestre,


salvo o minuto de ouro no relógio


minúsculo, vibrando no crepúsculo.






Amor é o que se aprende no limite,


depois de se arquivar toda a ciência


herdada, ouvida. Amor começa tarde.




("Antologia Poética" , Ed. Nova Fronteira , 1999)


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